sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Natal dos natais


Nunca caprichei tanto em meus votos de paz como agora. Como se diz popularmente, estamos "precisados", com urgência. Que sejam mantidas as diferenças de opinião, mas com total tolerância. Sem a ditadura do pensamento único, sem se deixar levar pelo efeito manada.
Afinal, o que seria do vermelho se todos gostassem do azul? Ou vice versa? O que seria do Jean Luc Ponty se todos gostassem do Wesley Safadão? O que seria do Palmeiras se todos gostassem do Corinthians? Não, pera, quase todos gostam do Corinthians! Até os adversários, rsrs.
Bem, que levemos a vida com um pouco mais de bom humor. Ou muito mais, dependendo do tanto de ódio que incorpora automaticamente em nossos espíritos nas lidas do dia-a-dia, nas dificuldades da vida, nas decisões equivocadas dos nossos governantes e representantes do povo.
Não basta dizer "sai ódio, sai de mim que este corpo não te pertence". É preciso abrir um sorriso, também. E por que não dizer "fala que eu te escuto" e, de fato, escutar?
Também é de bom tom sempre se lembrar do barbudinho que faz aniversário amanhã, a maior vítima do preconceito e da intolerância em toda a história da humanidade, que foi para o sacrifício na esperança de existir paz entre os homens e mulheres de boa vontade.
Depois de todo este preâmbulo, mando um FELIZ NATAL para todos, com trilha sonora: Peace Crusaders, de Jean Luc Ponty, o cara do violino que tocou no Brasil em 1980. Boas lembranças... É ou não uma música natalina?
Não posso dizer se o Wesley Safadão gravou alguma coisa parecida...
Obrigado por me aturar até este momento. Alguns não conseguiram, rsrs. C'est la vie (um clássico do grupo Emerson, Lake and Palmer, mas aí é outra história)...

E lembre-se: no natal, não precisa ter presente; basta estarem todos presentes!

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Patéticos Futebol Clube

Se a turma da oposição visitasse estádios com mais frequência, teria aprendido que não se grita gol antes da bola entrar. Dá azar. E, às vezes, o apressado contumaz leva uns cascudos dos demais torcedores.
Na quarta-feira (16), um dia antes do final do julgamento do STF sobre os ritos do processo de impeachment, algumas celebridades golpistas da mídia brasileira saíram comemorando o voto do ministro Fachin (ou seria Fraquin?), favorável às manobras de Cunha.
Anunciaram a decisão do Supremo como favas contadas, mesmo faltando dez votos.
Entretanto, na quinta-feira (17), levaram uma piaba daquelas. Mais uma. E segue o jogo. 
‪#NãoVaiTerGolpe













Eduardo Cunha acreditou no vaticínio da mídia brasileira?

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Treinadores

   1 - Ele poderia ter ficado apenas contando o dinheiro ganho nos últimos anos, fruto das suas conquistas e bons contratos; poderia ter treinado algum clube de ponta do futebol brasileiro; poderia ter tentado a sorte em algum clube da China para encher definitivamente o bolso; poderia ter virado comentarista de futebol em algum canal pago na época da Copa do Mundo.

   Só que não.

   Ao sair do Corinthians no final de 2013, TITE fez a opção pelo aperfeiçoamento profissional, cumprindo estágio no Real Madrid. Claro, aguardava um convite da CBF para dirigir a seleção, mas para sua sorte, ele não veio.

   Voltou ao Corinthians em 2015 e confirmou que é muito mais do que um daqueles treinadores gaúchos retranqueiros, que primeiro tentam não tomar gols e jogam por uma bola para vencer partidas. Já havia demonstrado o seu talento no glorioso ano de 2012, aquele dos troféus internacionais.

   E retornou "vitaminado", como aquele excelente violonista que só usava acordes naturais e incrementou seu trabalho introduzindo acordes dissonantes.

   Aos demais treinadores brasileiros, a forma de jogar que Tite impôs ao Timão, que resultará no provável título antecipado, soa como um forte recado: "estudem, estudem".

   Pois a crise do futebol nacional não deve ser creditada apenas à grande leva de dirigentes medíocres e jogadores medianos, mas também a treinadores acomodados, preguiçosos e antiéticos que treinam clubes na base do "piloto automático".

   2 - Em meio ao marasmo, outra exceção é MURICY. No passado, ele afirmava que, nas horas vagas, gostava de assistir partidas de futebol internacional. E também está fazendo um estágio na Europa em busca do seu aperfeiçoamento. Deve apresentar novidades no seu retorno aos campos.

   3 - Um treinador que chama a atenção é ARGEL, do Inter. Mais pelos defeitos do que pelas virtudes no seu desempenho profissional. Foi um jogador mediano, que batia até na sombra. Era daqueles em que até o santinho da medalhinha se agachava quando ele estava por perto.

   Pelo que vi em algumas partidas, o elenco gaúcho assimilou bem a nova filosofia de trabalho. O time costuma usar "força excessiva" nas jogadas. Na partida de volta contra o Corinthians, Renato Augusto foi caçado em campo.

   O treinador também se mostrou capaz de fazer provocações gratuitas, ao afirmar que o Palmeiras era mais completo do que o Corinthians, um jeito meio infantil para justificar um empate em casa pela Copa do Brasil.

   No jogo contra a Ponte Preta, ele mostrou que o fairplay não é seu forte. Orientou seus jogadores a não devolver a bola ao adversário, que havia paralisado o jogo para atendimento ao seu jogador. Do arremesso lateral saiu a jogada do gol que deu a vitória aos gaúchos.

   Argel é outro que deveria estudar mais. Não só estratégias de futebol, mas, principalmente, ética no esporte.

   4 - Nas Minas Gerais, o destaque da semana foi a tragédia no campo de mineração na região de Mariana. Vi na TV que o técnico do Cruzeiro, MANO MENEZES, fez um apelo aos torcedores do clube para fazer doações às vítimas do deslizamento da barragem.

   Da parte de LEVIR CULPI, treinador atleticano, não soube de nenhuma manifestação nesse sentido. Lembro que ele deu declarações criticando o mar de lama no futebol e no País do futebol. Segundo o treinador, está tudo manchado. Será que ele se calou quando um mar de lama de verdade destruiu vidas e um bairro inteiro? Não acredito que ele vá manchar a sua carreira com esta omissão.

   5 - A torcida corinthiana sabe que Cássio, Gil, Elias e Renato Augusto têm todas as qualidades necessárias para vestir a camisa da seleção. No entanto, acredito que a convocação do quarteto não tenha levado em conta apenas o talento de cada jogador. Com a seleção em baixa, sem credibilidade junto aos brasileiros, convocar quatro jogadores do time mais popular do País é uma tentativa de quebrar resistências e angariar apoio para "a causa".

   Se é esse o objetivo, DUNGA comete um erro. Tem que colocá-los no time titular. E não é só isso: para ter bom rendimento, é preciso que eles joguem dentro das suas características atuais, que ajudaram o Timão a se tornar o campeão do Brasil.

   Só que Dunga tem um perfil semelhante à maioria dos treinadores brasileiros (acomodados, preguiçosos, não estudam etc etc). ele também faz uso do seu piloto automático, um pouco mais carrancudo que a média. Sua antipatia também é automática.

Antes que alguém pense que, no quadro atual, a solução é a convocação de Tite, eu me antecipo. Como afirmei antes, Muricy também foi buscar aperfeiçoamento. Está sem clube, no momento. Deseja voltar. E também é carrancudo! Enfim, ele pode ser o cara certo para a seleção.

   Neste arranjo, TITE fica livre dessa sina para fazer de 2016 o ano mais glorioso da sua carreira e da história do Corinthians. Acredito que, até o início da próxima temporada, ela vai estudar mais um pouquinho.


Uma descida emocionante!

   Na última sexta-feira, só me faltou ter um bugue para descer a serra da rodovia dos Tamoios com emoção. Caminhões, neblina, velocidades que oscilam entre 30 e 40 km/h, radares e o cúmulo do improviso naquilo que o governo paulista chama de "operação descida".

   A duplicação da rodovia prometida pelos tucanos há 20 anos, só iniciada em 2013, parou no trecho do planalto. Na serra, a pista continua simples. Simples demais. Nos feriados, ela é duplicada por meio de cones que invadem a pista contrária. Genial, não?

   Depois de trafegar um tempão na direita atrás de um caminhão, consigo ultrapassá-lo. Mas, numa curva, dou de cara com um ônibus que sobe a serra e invade a minha pista. Quase um beijaço! Consegui evitar o choque desviando na hora agá.

   Obviamente mandei o governador negligente para a PQP. Só não o xinguei mais porque ele continua fazendo obras na pista por meio da iniciativa privada: duas praças de pedágio num trecho de 70 km, que se somarão às três existentes na Airton Senna e Carvalho Pinto. Total: 5 pedágios em 170 km na ida. E mais cinco para voltar.

   Que bom! Que bom! É a indústria do pedágio a todo o vapor para espantar a crise. Um salve para o MP, preocupadíssimo com a abertura da avenida Paulista aos pedestres. Mais um salve para o Tribunal de Contas do Estado que deveria investigar onde é aplicado o dinheiro das multas dos radares, numa rodovia cuja velocidade é de 60 km/h em 90% do trecho de planalto, além dos já citados 30 km/h na serra.

   Outro salve para uma parte dos eleitores paulistas, atentos apenas à cor vermelha das ciclovias da capital.


sexta-feira, 30 de outubro de 2015

O ministro caridoso


   Acho que já passou da hora do ministro Cardozo pegar o caminho da roça. A PF conspira, conspira, e o ministro apenas suspira. Que ela continue investigando, mas um pouco de discrição é sempre bem vinda.

    O homem da justiça não sabe como fazer? Aprenda com Alckmin, afinal, ele é o rei do sigilo. Como pode existir uma linha direta entre a PF e a mídia? Como é possível conviver com tantos vazamentos de informações sem que se tome uma atitude punitiva?

     Sabemos que a finalidade dos vazamentos é constranger e desconstruir adversários políticos, coincidentemente, do partido do ministro. Mesmo que os investigados pertencessem a partidos de oposição, não é de bom-tom delegados convocarem coletivas para dar pitacos em processos que nem foram concluídos. Ou mesmo depois de concluídos. Não tem que dar pitaco. Pronto!


   Centralize a comunicação, ora. Ninguém fala sem prévia autorização do próprio ministro. Quem desobedecer, leva bola preta. Se insistir, vai cuidar dos passarinhos que pousam na janela. Simples assim.

     E quem convocar investigado às 23 horas só para zoar com o aniversário do seu pai famoso e popular deveria ser condenado sumariamente a fazer a contagem diária das formigas que frequentam os jardins da instituição.

     Como até agora não fez a sua lição de casa e liberou geral para os delegas da PF, chegou a hora do Cardozo perceber que não está agradando e sair de fininho. Ou ser transferido por Dilma para uma área menos traumática do governo. Nem passarinhos ou formigas. Que ele vá tomar conta das tartarugas. Mas só não pode deixá-las fugir...

 

Ó, ratagões...

  Que tipo de gente apoia esse golpe paraguaio, que, se fosse concretizado, deixaria notórios bandidos à solta, impunes? Acredito sinceramente que não vai dar certo. No máximo, vai torrar a nossa paciência por mais alguns meses.

   Reconheço que a trama dos aloprados golpistas tem um grande mérito: revelar a ética de gelatina de uma parte dos brasileiros. Se for do meu time, roubar pode. Se for para derrubar quem eu não gosto, tem o meu apoio.

   Na verdade, o buraco é mais embaixo. Muitos dos políticos que estão aí emergiram de um caldo de cultura que não exige muito rigor na rotina dos seus próprios negócios, nas suas relações sociais e no respeito à legislação vigente. Daí a tentar obter vantagens no trato da coisa pública é um pulo. É claro, aqui e ali, o DNA da nossa esquisita colonização ainda se faz presente. As elites ainda teimam em continuar dando as cartas, usando as mãos dos que pensam que foram aceitos por elas.

   Um cidadão atento e rigoroso com os valores éticos percebe facilmente que os marujos que estão na barca do impeachment são políticos de má índole, com longa experiência em fugir das punições. Não passam de ratos querendo tomar conta da embarcação mesmo que estejam com a ratoeira no pescoço. E, de quebra, também pretendem botar pra caminhar na prancha o candidato mais forte na próxima eleição. Fácil, não? Como já disse Mané Garrincha, sempre se esquecem de combinar a jogada com os adversários...

   Preciso dizer quem são os ratagões? Ou a quais partidos pertencem? Acho que não, né?
Assumir uma postura mais nobre em relação a tudo o que está acontecendo às claras no golpe paraguaio (sim, é paraguaio...ou prefere hondurenho?) não significa aderir a Dilma, que está apenas de passagem por um cargo importantíssimo, mas que ocupará cadeira cativa na História do Brasil.

   O significado maior do gesto cidadão é lutar por um País sério, com instituições fortes, cujos princípios morais serão os guardiões da nossa democracia, impedindo ataques dos maus perdedores.

   E quando o resultado das urnas não nos agradar, será legítimo ampliar a participação política, manifestar-se pacificamente e tentar pressionar governos a mudar os rumos. Tudo menos golpear, dar apoio a golpes ou aplaudir golpistas. É esta a necessária herança que devemos deixar para as futuras gerações.

   É assim que deve ser. É assim que vai ser.

domingo, 11 de outubro de 2015

A fala de Dilma e os estoques de vento



   A mais nova gozação em cima da presidenta está relacionada à suposta gafe cometida na ONU ao comentar a "estocagem de vento" na produção de energia eólica. Sinto contrariar os humoristas de plantão, mas esta possibilidade é bem real. Basta interligar as cabeças dos engraçadinhos que vai existir vento de sobra (hahaha).
Brincadeirinha, minha gente! Foi só um jeito bem-humorado de rebater a anedota. Mais uma, que sempre tem como base a deturpação premeditada de um discurso da governante para tentar ridicularizá-la.
A fala de Dilma, apesar de ter sido um pouco truncada, está correta. E não deve ser entendida em seu sentido literal, mas do ponto de vista técnico. Lembrem-se que a plateia não era formada pelos leigos renitentes que habitam as nossas redes sociais e que dispensam livros de história e física de segundo grau nas respectivas bibliotecas.
Mas, num mundo conectado, a circulação do vídeo gravado na ONU é livre. No trecho que circula pelas redes, ela fez uma abordagem da matriz energética brasileira, comparando a geração hidrelétrica à eólica.
Ela afirmou, textualmente: "até agora, a energia hidrelétrica é a mais barata, em termos do que ela dura (as instalações), da sua manutenção e também pelo fato da água ser gratuita e da gente pode estocar (energia hidrelétrica)". Pausa: nesta situação, estocar água significa estocar energia.
Prosseguindo: "o vento poderia ser isso também, mas não se conseguiu tecnologia para estocar vento". Nova pausa: puro sarcasmo...faltou uma risadinha a la Sheldon, do The Big Bang Theory.
Continuando: "se a contribuição dos outros países...vamos supor que seja desenvolver uma tecnologia capaz de, na eólica, estocar...ter uma forma de estocar...(energia - é disso que ela fala o tempo todo). Porque o vento é diferente em horas do dia. Então vamos supor que vente mais à noite: como eu faria para estocar isso (a energia produzida pelo vento)?
Enfim, gozadores do meu Brasil varonil, vamos considerar que a presidenta é ruim de oratória, mas em momento algum ela falou em descobrir tecnologia para estocar vento. Não no sentido literal da expressão. Apenas apontou uma das dificuldades para a expansão do uso da energia eólica, como mostra matéria publicada no sítio da revista Carta Capital, em 11/09/2012. Destaco os parágrafos 12 e 13:
"De forma ideal, se você tem algum tipo de dispositivo de armazenamento capaz de guardar eletricidade em grande escala, poderia usar para armazenar eletricidade quando tiver um excedente para usar quando os ventos estiverem fracos", afirma Botterud.
"Mas a estocagem ainda é muito cara e é um tanto limitado o quanto se é capaz estocar com as tecnologias existentes".
Agora está claro, não? O potencial da energia eólica esbarra no custo da sua estocagem.
Também é importante destacar que Dilma Roussef é aficionada pela força dos ventos. Em 2014, no final do seu primeiro mandato, foram adicionados aos sistema 2,5 GW de potência instalada, fazendo do Brasil o 10º país do mundo em capacidade instalada e o 4º que mais acrescentou potência no ano (Época Negócios, 15/09/2015).
Em julho de 2015, a produção de energia eólica no Brasil alcançou um novo recorde, quando foram produzidos 2.989 megawatts (MW) médios, segundo o Informativo Preliminar Diário emitido pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
E tudo isso sem precisar estocar vento. Imagine como vai ficar o País no momento em que todas as cabeças dos nossos aspirantes a humorista forem interligadas...
Parque Eólico Geribatu (RS), o maior da América Latina

LINKS


domingo, 6 de setembro de 2015

Fiel boicota o rei "do merchã", que sente o golpe

   Nas últimas semanas, o jornalista Milton Neves ultrapassou a fronteira do bom senso com as suas reiteradas acusações infundadas em relação a um suposto favorecimento do Corinthians no Campeonato Brasileiro por parte dos árbitros, que ele chama jocosamente de "apito amigo".

   Com certeza, o comunicador não é o único a fazer ilações a respeito da atuação dos árbitros, mas é o mais estridente. O mais irônico. O que age com total parcialidade, já que se declara torcedor do Atlético Mineiro, cujo técnico e dirigentes não se constrangem em "denunciar" esquemas e apontar o dedo acusatório para o líder do campeonato sempre que o time obtém maus resultados dentro de campo.

   Sim, prevalece a sensação de que aconteceram mais erros de arbitragem no atual torneio do que em campeonatos passados. Mas esta sensação é muito reforçada pela alta tecnologia das câmeras de TV, que capturam os lances em seus mínimos detalhes, com direito a inúmeros repetecos, em ângulos que não correspondem à visão do árbitro e dos auxiliares.

   Alguns erros de arbitragem certamente favoreceram o Timão, mas também facilitaram a vitória de outros clubes, mesmo que involuntariamente. Eles costumam ser "democráticos", pois atingem todos os clubes. O próprio Atlético venceu o Palmeiras graças a um pênalti inexistente. O Santos, por exemplo, é o recordista em pênaltis a favor até o presente momento: sete. Um deles foi marcado porque o seu atacante tropeçou na grama! 

   No final das contas, apesar da chiadeira e da choradeira, o impacto dos erros de arbitragem pouco interferem na soma dos pontos. As estatísticas comprovam que, se fossem evitados, a classificação permaneceria inalterada, com o Corinthians na liderança. Por quê? Ora, se o clube foi favorecido em dois ou três lances, também foi prejudicado na mesma proporção. Basta puxar pela memória ou consultar o Google.

   Entretanto, o jornalista ignora solenemente todas as informações que poderiam melar a sua teoria da conspiração baseada no apito amigo. E transfere automaticamente para o ramo do esporte o mesmo tipo de golpismo que vemos diariamente na mídia do País, estimulando linchamentos públicos e disseminando o ódio contra governantes eleitos legitimamente.

   Uma coisa é discutir teorias da conspiração nos botecos da vida e nas redes sociais, em tom de brincadeira, sem maiores consequências. Outra coisa é usar canais públicos de informação como o rádio e a TV para fazer comentários levianos, sem fatos que comprovem as acusações, desqualificando o trabalho de profissionais dos clubes, desrespeitando a massa de torcedores e expondo árbitros às ameaças da torcida rival.

   Na última quarta-feira, por exemplo, o árbitro da partida Atlético Mineiro X Atlético Paranaense teve que permanecer na arena até de madrugada, pois havia atleticanos à sua espera no hotel onde estava hospedado.

   Sabemos que parte da mídia esportiva, especialmente Milton Neves e o UOL, usa o Corinthians para gerar audiência, elemento fundamental para conquistar mais anunciantes e elevar o preço dos anúncios. Em outras palavras, eles lucram com a polêmica. Milton Neves é famoso por praticar o merchandising em seus programas esportivos, fato criticado por jornalistas sérios, que evitam colocar a informação e o comércio no mesmo tacho.

   Só que, desta vez, numa rápida e eficiente articulação entre torcedores por meio das redes sociais, a Fiel Torcida foi pra cima do comunicador e começou a pressionar os seus parceiros comerciais, que sofrerão boicote se continuarem a usar o jornalista como "garoto-propaganda".

   A campanha foi viralizada principalmente no Facebook, em grupos como Democracia Corinthiana, Barbearia Miguel Battaglia - Corinthianismo Vivo, Rádio Resistência, Resistência Corinthiana e Corinthians, o Campeão dos Campeões, entre outros.

   É bom lembrar que o Corinthians é uma das marcas mais valiosas do mercado graças ao poder de consumo dos 30 milhões de torcedores.

   Ao longo da última sexta-feira, 4 de setembro, as páginas de empresas como Rafarillo, Cerveja Proibida, Construtora Esser, Sucos Camp, Sky, Esfihas Juventus, Aurora Alimentos, Bioleve, Netshoes, Carrefour, Banco do Brasil, Bradesco e outras patrocinadoras receberam mensagens - duras, porém educadas - dos corinthianos, saturados com o vale-tudo que tomou conta da imprensa esportiva e de parte da sociedade que escolheram como alvo um dos clubes mais populares do Brasil.

   No final do dia, o comunicador publicou texto agressivo e arrogante, emitindo sinais de que sentiu o golpe.

   Destaco alguns trechos: "alguns corinthianos listam meus 'trocentos' anunciantes de rádio, jornal, TV e internet e enviam cartas-padrão para eles dizendo: 'ou vocês tiram o patrocínio do Milton Neves ou nunca mais compramos seus produtos'. Pode? Quanta burrice e quanta desinformação! E são burros porque se algum sair, arrumo outro. Arrumo nada, procuram-me para ocupar o lugar. Há anos que não prospecto anunciante, sou prospectado por eles."

   Como a campanha começou a surtir efeito, tudo indica que será amplificada nos próximos dias. E será uma amplificação e tanto: a página do Corinthians no Facebook tem mais de dez milhões de seguidores, um recorde na América do Sul. No twitter, outros tantos. E existem centenas de blogs na internet, além de vários grupos de whatsapp. Acho que, com esses números, inflados por tamanha indignação, dá para mensurar o tamanho da encrenca.


Este aviso viralizou nas redes sociais

O rei do merchã usa e abusa das acusações sem fundamento.

Outro meme que circulou no facebook

Comentários dos corinthianos inundaram as páginas dos patrocinadores do comunicador.







Levir, um técnico manchado

   A recente declaração do técnico Levir Culpi ajuda a explicar a polêmica criada em torno da arbitragem, levantada especialmente pelo Atlético Mineiro. Disse ele: "ficamos desconfiados porque vivemos em um país desonesto. Todos somos desonestos. Não temos uma educação dirigida para a honestidade e queremos tirar vantagem das coisas."

   Pois bem. Levir anda medindo o povo brasileiro em geral e o futebol em particular com a sua própria régua. É o tipo de declaração que funciona como uma espécie de salvo-conduto para possíveis deslizes e carrega uma boa dose de oportunismo.

   Não pega bem dizer que desconfia da arbitragem porque todos os brasileiros são desonestos. É uma estranhíssima interpretação da teoria do domínio do fato que, por si só, já é absurda. Que levante provas do que fala e que as apresente, para não ser conivente com a imoralidade.

   E convenhamos: pressionar árbitros quando o seu time começa a cair de rendimento é de uma desonestidade sem tamanho. Deu certo contra o Palmeiras, cuja vitória foi alcançada com um pênalti pra lá de duvidoso. Mas, sim, sua insistência em dizer que o campeonato está manchado é um gesto pouco nobre, pois desqualifica o trabalho de companheiros de profissão e um possível título conquistado pelo Corinthians dentro do campo.

   Sabemos que este mimimi poderá garantir uma vaguinha de técnico em outro clube se for demitido pelo Atlético no caso de mais uma derrota em campeonatos brasileiros. "Só perdi porque o campeonato estava manchado", é o que vai dizer.

   Para ser sincero, gostaria até de saber quanto paga de imposto de renda, por exemplo. Ou se recebe algum "por fora". E o que ganhou no exterior, foi declarado? Pois agora fiquei com a pulga atrás da orelha. Afinal, ele assume que é desonesto!

   Senhor Levir, saiba que eu sou honesto. Minha família também. Meus amigos, idem. Conheço uma pá de gente que leva uma vida com muita decência. Trabalhador brasileiro dá um duro danado, pois a jornada de trabalho é penosa. Não vive de mutretas. A maioria tem muito orgulho por manter em dia os seus carnês das Casas Bahia. Há pessoas que perdem o sono quando atrasam o pagamento da conta de luz por apenas um dia.

   Conheço torcedor de futebol que faz uma brutal economia para pagar ingresso, comprar a camisa do seu ídolo ou pagar um pay-per-view da TV a cabo, injetando seus parcos recursos na máquina que movimenta o esporte e da qual você é um dos maiores beneficiários. Este tipo de cidadão não merece ser chamado de desonesto por alguém que não sabe lidar com maus resultados e que reproduz um pensamento que definitivamente não colabora para o desenvolvimento da sociedade.

   Talvez o problema seja a sua régua, Levir. Não nos culpe por tê-la mantido torta ao longo da sua carreira.

O vídeo com a declaração do técnico está aqui.



sexta-feira, 28 de agosto de 2015

O próximo plano, por favor...

   Li em vários portais da internet que, após o enfraquecimento de Cunha, a oposição já tem uma nova estratégia para o impeachment de Dilma. É claro que tem.
   Nos próximos quatro anos, ela continuará elaborando seus planos infalíveis, do mesmo jeito que Cebolinha e Cascão fazem para pegar o coelhinho da Mônica; igual ao Frajola, para devorar o Piu-Piu; tal qual o Coiote, para catar o Papa Léguas (na minha infância ele se chamava Bip-Bip). E alguém já viu a Mônica, o Piu-Piu e o Bip-Bip serem pegos? Pois é.
   A fundamental diferença entre as situações colocadas é que os personagens existem apenas para nos divertir. E as histórias da oposição só servem, a longo prazo, para tentar prolongar o desgaste da presidenta até as próximas eleições e, no curto prazo, torrar a paciência do brasileiro e mexer com o seu humor.
   Neste último caso, tanto faz ser contra ou a favor do governo. A ladainha oposicionista é bem democrática, pois atinge a todos, indistintamente. Mas, claro, faz mais estragos na saúde mental dos que acreditam na comunização do País, na "roubalheira" que se instalou no Planalto somente após a vitória dos petistas e naquele batido maniqueísmo, que divide o mundo entre os mocinhos e os facínoras.
   Somos todos vítimas de uma pentelhação que não está no gibi. Tudo porque os opositores amargaram mais uma derrota em pleitos presidenciais, mesmo depois de uma sucessão de "planos infalíveis" nos últimos 13 anos. Nem dá para relacioná-los neste espaço, pois a lista é bem longa.
   Nos oito meses do segundo mandato de Dilma Roussef, o grupo que reúne partidos políticos, procuradores, delegados da PF, um ministro do STF, meios de comunicação e juízes de primeira instância acelerou a produção de factóides e está batendo todos os recordes do período republicano, com boa vantagem sobre a perseguição a Getúlio Vargas e o pré-golpe militar.
   Alguns são tão ridículos que funcionam como contrapontos ao mau humor e pessimismo reinantes em boa parte do Brasil. Não passam de encenações grotescas, que nos levam a dar boas risadas. Como é possível esquecer a expedição dos nobres senadores até Caracas para tentar libertar um terrorista? Ou os eventos do tipo "carnacoxinha" - festa estranha com gente esquisita - onde não faltam demonstrações de ódio, apelos pela volta dos militares, camisas da CBF e bundas e peitos de fora em defesa da família brasileira?
   Ah, teve também aquele bolsonarista que manipulou um vídeo para passar a impressão de que conseguira driblar a segurança e xingar Dilma de perto, num evento nos EUA; e não posso deixar de citar aquela marcha murcha até Brasília, cujos manifestantes só desciam do ônibus para simular a dureza da caminhada e posar para as fotos (e foram se encontrar com quem? Com quem? Eduardo Cunha, um "bravo guerreiro" no combate à corrupção...).
   Convenhamos: bater panelas diante do discurso de algum representante do PT, gravado horas antes de ser transmitido em cadeia nacional de rádio e TV, é um mico gigantesco. Equivale a abrir latas de cerveja e comer salgadinhos enquanto se assiste à reprise da partida em que o time do coração venceu no dia anterior.
   Há também os factóides marcados pela hipocrisia, como as pedaladas fiscais, praticadas há décadas por governadores e presidentes da República, mas que, de repente, transformaram-se em "crimes inafiançáveis", cuja punição seria a perda do mandato; ou o julgamento das contas de campanha do PT no TSE, sendo que os financiadores são os mesmos do adversário; e os gastos, equivalentes.
   Por fim, há os factóides trágicos. São aqueles que aparecem travestidos de projetos de lei, que visam atingir Dilma por meio de sacrifícios à sociedade, como as propostas de terceirização, redução da maioridade penal e demais pautas-bomba, levadas adiante pelo atual presidente da Câmara Legislativa, Eduardo Cunha.
   Sempre polêmico, Cunha divide opiniões:  a oposição o idolatra por fustigar a presidenta, mas o procurador Janot o mantém sob a mira da Operação Lava Jato. Denunciado, está prestes a virar réu por corrupção.
   No momento, o deputado é a figura pública que mais se assemelha ao Coiote. Na caça incessante ao Bip-Bip, ele dinamitou pontes, preparou armadilhas e usou um repertório variado de truques e estratagemas, sem obter sucesso. Ao contrário: entre todos os opositores, tudo indica que vai ser o único a sair bastante chamuscado.


quarta-feira, 19 de agosto de 2015

As mais lidas do UOL

17 de agosto de 2015, segunda-feira: as notícias da manifestação não despertaram a atenção do internauta.
   
Na manhã da segunda-feira, 17/8, o cidadão aqui entrou no UOL, o portal de maior audiência do Brasil, com a quase certeza de que a manifestação do dia anterior estaria bombando entre os internautas. Até porque as chamadas sobre o evento apareciam no topo da página.

   Mas, ao verificar a relação das notícias mais lidas até aquele momento, observei que o "CarnaCoxinha" nem apareceu entre as cinco primeiras. Confesso que não fiquei tão surpreso. Sempre que posso, dou uma olhada na relação diária do portal e garanto que a presença de notícias relacionadas à política, à Lava Jato ou ao impeachment é algo incomum.

   Na prática, avalio que tais assuntos já estão saturados. Desconfio que são poucos os que aguentam acompanhar tanta manipulação, tantas noticias falsas, tantas ameaças de golpe e tantas conspirações.
Ainda mais quando tudo beira o surrealismo. Quando o momento mais parece uma releitura do Febeapá, de Stanislaw Ponte Preta. Ou o remake do Samba do Crioulo Doido (a Marina virou trem, e Cláudio é um aeroporto também...)

   E como a mídia está longe de fazer a autocrítica, finge não compreender porque despenca a venda de jornais e revistas, porque a audiência do JN vai à lona, porque o Masterchef bate a Globo em certos horários.

   Muita gente só assiste o Fantástico na hora dos gols da rodada, principalmente por causa dos cavalinhos. As pessoas entram no UOL mais para se emocionar com o choro do Caio Castro no Faustão do que ler alguma coisa relacionada ao infindável chororô dos tucanos pela perda da eleição presidencial.

   E daí que trocentos zilhões de pessoas foram às ruas protestar contra a Dilma? São todos eleitores do Aécio, ora. E só aqueles com contas bancárias bem polpudas. Alguma dúvida?A novidade é que, agora, a cada um ou dois meses, os derrotados tiram as violas do saco e vão desafinar em público. Batem panelas, gritam "vai pra cuba", escrevem gato com jota nos cartazes, mostram a bunda para os repórteres fotográficos, fazem selfies com soldados da rota e pedem a volta da ditadura militar.
E se a moda pegar? Imagine uma manifestação de anticorinthianos pedindo o impeachment do Timão e a cassação do hexa brasileiro, hehehe.

   (Do jeito que as coisas caminham, neste clima de medievalismo high tech, não é impossível acontecer algo semelhante. Em junho de 2013, nos movimentos contra os 20 centavos, alguns malucos planejaram invadir a Arena em Itaquera para protestar contra a Copa do Mundo).

   Bem, vamos combinar: entre ver imagens de gente pirada babando de ódio nas ruas e contemplar o topless da Luiza Brunet na Grécia (2ª mais lida), adivinhem a minha preferência...


domingo, 16 de agosto de 2015

Relatos selvagens: Bombita, Espoleta e Facamolada

   Com toda certeza, três personagens da noite paulistana estarão presentes na manifestação contra o governo: Bombita, Espoleta e Facamolada. Eles se deslocarão até a avenida Paulista para ajudar a derrubar a presidenta - claro - e até ensaiaram slogans com palavrões "da hora".

   No entanto, a missão do trio não se resumirá apenas às questões políticas. Os três aparecerão por lá para arregimentar militantes para a causa maior: devolver a cidade de São Paulo aos legítimos paulistanos, na defesa dos bons costumes e das tradições.

   Uma São Paulo sem putarias. Sem pobretões. Sem nordestinos. Sem vermelhos. Sem moradores de rua. Sem padres que defendem moradores de rua. Sem moradores que defendem padres progressistas. Sem ruas que tenham ciclovias vermelhas. Sem pobretões que façam putarias. Sem Malagueta, Perus e Bacanaço, malandros bobos que conviviam com figuras marginalizadas. Sem sereno. Sem cronistas...

   O plano é ambicioso e deverá ter desdobramentos até a derrocada total dos agentes que visam desagregar o pensamento quatrocentão. As ações já começaram. Numa primeira etapa, os personagens do grupo focaram os petralhas (especialmente os de origem nordestina), os imigrantes (excepcionalmente os haitianos, que roubam nossos empregos nos postos de gasolina) e os transexuais (exclusivamente aqueles que zombam do calvário de Jesus).

   E quem são os protagonistas desse movimento? Com base em perfis do facebook, comentários em notícias de portais, contas do twitter, fotos do Instagram e breves relatos de psiquiatras forenses, traçamos os perfis dos seus líderes.

   Bombita assistiu o filme Relatos Selvagens e curtiu o gesto insólito do engenheiro, que teve o carro guinchado várias vezes. Naquele dia, o comerciante de pizzas para viagem havia recebido uma multa por excesso de velocidade e decidiu se vingar.

   Vasculhou a internet e, no site do Sesi, deu de cara com o curso de "bombas caseiras". Fez a inscrição, mas, no primeiro dia de aula, desistiu. As bombas eram aquelas de confeitaria, com recheio de chocolate. Não se deu por vencido. Foi ao Youtube e aprendeu tudo sobre artefatos explosivos.

   Bombita escolheu como alvo um varal de radares nas imediações do Museu do Ipiranga. Mas, ao passar em frente ao Instituto Lula - ou a "Toca do Petralha", apelido que deu para a ONG, ele mudou de ideia. O atentado seria lá mesmo. Desceu do carro, escreveu na parede o seu nome de guerra com uma bomba de chocolate e lançou a bomba caseira. Ou foi o contrário (escreveu com a bomba caseira e lançou a de chocolate), não se sabe ao certo, pois a polícia paulista, sempre cautelosa, ainda não admitiu que houve uma explosão

   Espoleta já passou dos cinquenta. Fã de Elvis Presley, trabalhou como cover do cantor em bodas de prata, festas dos anos 60 e na Virada Gutural. Também participou de um concurso de sósias, mas foi desclassificado, pois, de tão nervoso, errou o lado do topete.

   Sua paixão por Elvis começou quando descobriu que o astro se divertia dando tiros nos aparelhos de TV. Espoleta fez os seus primeiros disparos numa TV da marca Invictus e não parou mais. Tiros de espoleta, daí veio o apelido. 

   Numa noite, após assistir pela centésima vez o Seresteiro de Acapulco, decidiu alvejar os haitianos como forma de dar um recado: não queremos ninguém do Haiti por aqui. "Fiquem em Acapulco, a terra natal de vocês! Não roubem os nossos empregos!", relatou uma das vítimas do incidente. Com base neste depoimento, a polícia paulista está investigando se esta cidade continua no México.

   A paixão de Facamolada por Milton Nascimento tem uma particularidade: a interpretação inusitada das canções do cantor mineiro. Sabe aquele verso de Travessia, "minha casa não é minha, e nem é meu este lugar? Ele interpretou como uma ação do MTST, que tomou a casa do cidadão de bem e o obrigou a mudar de cidade. "Safardanas", grita em alto e bom som sempre que ouve a música.

  Já em Milagre dos Peixes ele descobriu que a canção embute uma propaganda subliminar que condena todos os tipos de populismo, principalmente aqueles que concedem benefícios sociais. "Em vez de dar o peixe, ensine-os a pescar. Isso será um milagre!"

   Aliás, ele jura que existe um parentesco entre o cantor mineiro e o Capitão Nascimento, aquele justiceiro de Tropa de Elite.

   Naquele sábado, ele ficou de butuca na transexual famosa, que estava chegando em casa. Ao vê-la passar, exclamou: "taí uma bela representante do Clube da Esquina, formado por gente que fica rodando bolsinha durante a madrugada.

   Guiado pela fé cega, Facamolada foi para cima da moça armado com o estilete adquirido na loja Armarinhos Fernando Brant. Testemunhas afirmam que, enquanto tentava alcançar o pescoço da vítima, ele cantava: mande notícias do lado de lá, do lado de lá...

   Neste caso, a polícia paulista agiu com rapidez. Elaborou um projeto de lei que proíbe a comercialização de armas brancas na cidade de São Paulo.

   Bem, no evento do próximo domingo, eles farão companhia ao Nó Cego, um sujeito adepto da justiça do Velho Oeste, que na última manifestação, enforcou os bonecos de Lula e Dilma; cruzarão com o jornalista Coturno Noturno, cujo blog - O Soturno - pede a permanência dos militares no poder até a próxima Copa no Brasil; e ficarão extasiados ao topar com a Brasileirinha, vestida apenas nos pés (tornozeleira de strass) e na cabeça, cuja faixa estampa a frase: eu...sou brasileirinha...com muito orgasmo...com muito amô-or...

   Tudo indica que o protesto vai ser imperdível!

   Mas eu não vou.

   (Os personagens citados são fictícios. Na verdade, são sujeitos ocultos, pois a polícia paulista não foi atrás dos autores dos atentados, que são verdadeiros. E qualquer semelhança com cidadãos que tenham contas em redes sociais é um misto de mera coincidência com busca avançada)