sexta-feira, 28 de agosto de 2015

O próximo plano, por favor...

   Li em vários portais da internet que, após o enfraquecimento de Cunha, a oposição já tem uma nova estratégia para o impeachment de Dilma. É claro que tem.
   Nos próximos quatro anos, ela continuará elaborando seus planos infalíveis, do mesmo jeito que Cebolinha e Cascão fazem para pegar o coelhinho da Mônica; igual ao Frajola, para devorar o Piu-Piu; tal qual o Coiote, para catar o Papa Léguas (na minha infância ele se chamava Bip-Bip). E alguém já viu a Mônica, o Piu-Piu e o Bip-Bip serem pegos? Pois é.
   A fundamental diferença entre as situações colocadas é que os personagens existem apenas para nos divertir. E as histórias da oposição só servem, a longo prazo, para tentar prolongar o desgaste da presidenta até as próximas eleições e, no curto prazo, torrar a paciência do brasileiro e mexer com o seu humor.
   Neste último caso, tanto faz ser contra ou a favor do governo. A ladainha oposicionista é bem democrática, pois atinge a todos, indistintamente. Mas, claro, faz mais estragos na saúde mental dos que acreditam na comunização do País, na "roubalheira" que se instalou no Planalto somente após a vitória dos petistas e naquele batido maniqueísmo, que divide o mundo entre os mocinhos e os facínoras.
   Somos todos vítimas de uma pentelhação que não está no gibi. Tudo porque os opositores amargaram mais uma derrota em pleitos presidenciais, mesmo depois de uma sucessão de "planos infalíveis" nos últimos 13 anos. Nem dá para relacioná-los neste espaço, pois a lista é bem longa.
   Nos oito meses do segundo mandato de Dilma Roussef, o grupo que reúne partidos políticos, procuradores, delegados da PF, um ministro do STF, meios de comunicação e juízes de primeira instância acelerou a produção de factóides e está batendo todos os recordes do período republicano, com boa vantagem sobre a perseguição a Getúlio Vargas e o pré-golpe militar.
   Alguns são tão ridículos que funcionam como contrapontos ao mau humor e pessimismo reinantes em boa parte do Brasil. Não passam de encenações grotescas, que nos levam a dar boas risadas. Como é possível esquecer a expedição dos nobres senadores até Caracas para tentar libertar um terrorista? Ou os eventos do tipo "carnacoxinha" - festa estranha com gente esquisita - onde não faltam demonstrações de ódio, apelos pela volta dos militares, camisas da CBF e bundas e peitos de fora em defesa da família brasileira?
   Ah, teve também aquele bolsonarista que manipulou um vídeo para passar a impressão de que conseguira driblar a segurança e xingar Dilma de perto, num evento nos EUA; e não posso deixar de citar aquela marcha murcha até Brasília, cujos manifestantes só desciam do ônibus para simular a dureza da caminhada e posar para as fotos (e foram se encontrar com quem? Com quem? Eduardo Cunha, um "bravo guerreiro" no combate à corrupção...).
   Convenhamos: bater panelas diante do discurso de algum representante do PT, gravado horas antes de ser transmitido em cadeia nacional de rádio e TV, é um mico gigantesco. Equivale a abrir latas de cerveja e comer salgadinhos enquanto se assiste à reprise da partida em que o time do coração venceu no dia anterior.
   Há também os factóides marcados pela hipocrisia, como as pedaladas fiscais, praticadas há décadas por governadores e presidentes da República, mas que, de repente, transformaram-se em "crimes inafiançáveis", cuja punição seria a perda do mandato; ou o julgamento das contas de campanha do PT no TSE, sendo que os financiadores são os mesmos do adversário; e os gastos, equivalentes.
   Por fim, há os factóides trágicos. São aqueles que aparecem travestidos de projetos de lei, que visam atingir Dilma por meio de sacrifícios à sociedade, como as propostas de terceirização, redução da maioridade penal e demais pautas-bomba, levadas adiante pelo atual presidente da Câmara Legislativa, Eduardo Cunha.
   Sempre polêmico, Cunha divide opiniões:  a oposição o idolatra por fustigar a presidenta, mas o procurador Janot o mantém sob a mira da Operação Lava Jato. Denunciado, está prestes a virar réu por corrupção.
   No momento, o deputado é a figura pública que mais se assemelha ao Coiote. Na caça incessante ao Bip-Bip, ele dinamitou pontes, preparou armadilhas e usou um repertório variado de truques e estratagemas, sem obter sucesso. Ao contrário: entre todos os opositores, tudo indica que vai ser o único a sair bastante chamuscado.


Nenhum comentário:

Postar um comentário