Nos
próximos quatro anos, ela continuará elaborando seus planos infalíveis, do
mesmo jeito que Cebolinha e Cascão fazem para pegar o coelhinho da Mônica;
igual ao Frajola, para devorar o Piu-Piu; tal qual o Coiote, para catar o Papa
Léguas (na minha infância ele se chamava Bip-Bip). E alguém já viu a Mônica, o
Piu-Piu e o Bip-Bip serem pegos? Pois é.
A
fundamental diferença entre as situações colocadas é que os personagens existem
apenas para nos divertir. E as histórias da oposição só servem, a longo prazo,
para tentar prolongar o desgaste da presidenta até as próximas eleições e, no curto
prazo, torrar a paciência do brasileiro e mexer com o seu humor.
Neste
último caso, tanto faz ser contra ou a favor do governo. A ladainha
oposicionista é bem democrática, pois atinge a todos, indistintamente. Mas,
claro, faz mais estragos na saúde mental dos que acreditam na comunização do
País, na "roubalheira" que se instalou no Planalto somente após a
vitória dos petistas e naquele batido maniqueísmo, que divide o mundo entre os
mocinhos e os facínoras.
Somos
todos vítimas de uma pentelhação que não está no gibi. Tudo porque os opositores amargaram mais uma derrota em pleitos presidenciais, mesmo depois de uma sucessão de "planos infalíveis" nos últimos 13 anos. Nem dá para relacioná-los neste espaço, pois a lista é bem longa.
Nos oito
meses do segundo mandato de Dilma Roussef, o grupo que reúne partidos políticos,
procuradores, delegados da PF, um ministro do STF, meios de comunicação e
juízes de primeira instância acelerou a produção de factóides e está batendo
todos os recordes do período republicano, com boa vantagem sobre a perseguição
a Getúlio Vargas e o pré-golpe militar.
Alguns são
tão ridículos que funcionam como contrapontos ao mau humor e pessimismo reinantes
em boa parte do Brasil. Não passam de encenações grotescas, que nos levam a dar
boas risadas. Como é possível esquecer a expedição dos nobres senadores até
Caracas para tentar libertar um terrorista? Ou os eventos do tipo
"carnacoxinha" - festa estranha com gente esquisita - onde não faltam
demonstrações de ódio, apelos pela volta dos militares, camisas da CBF e bundas
e peitos de fora em defesa da família brasileira?
Ah, teve também
aquele bolsonarista que manipulou um vídeo para passar a impressão de que conseguira
driblar a segurança e xingar Dilma de perto, num evento nos EUA; e não posso deixar
de citar aquela marcha murcha até Brasília, cujos manifestantes só desciam do
ônibus para simular a dureza da caminhada e posar para as fotos (e foram se
encontrar com quem? Com quem? Eduardo Cunha, um "bravo guerreiro" no
combate à corrupção...).
Convenhamos:
bater panelas diante do discurso de algum representante do PT, gravado horas
antes de ser transmitido em cadeia nacional de rádio e TV, é um mico gigantesco.
Equivale a abrir latas de cerveja e comer salgadinhos enquanto se assiste à
reprise da partida em que o time do coração venceu no dia anterior.
Há também
os factóides marcados pela hipocrisia, como as pedaladas fiscais,
praticadas há décadas por governadores e presidentes da República, mas
que, de repente, transformaram-se
em "crimes inafiançáveis", cuja punição seria a perda do mandato; ou
o julgamento das contas de campanha do PT no TSE, sendo que os
financiadores são
os mesmos do adversário; e os gastos, equivalentes.
Por fim,
há os factóides trágicos. São aqueles que aparecem travestidos de projetos de lei,
que visam atingir Dilma por meio de sacrifícios à sociedade, como as propostas de
terceirização, redução da maioridade penal e demais pautas-bomba, levadas
adiante pelo atual presidente da Câmara Legislativa, Eduardo Cunha.
Sempre
polêmico, Cunha divide opiniões: a
oposição o idolatra por fustigar a presidenta, mas o procurador Janot o mantém
sob a mira da Operação Lava Jato. Denunciado, está prestes a virar réu por
corrupção.
No
momento, o deputado é a figura pública que mais se assemelha ao Coiote. Na caça
incessante ao Bip-Bip, ele dinamitou pontes, preparou armadilhas e usou um
repertório variado de truques e estratagemas, sem obter sucesso. Ao contrário:
entre todos os opositores, tudo indica que vai ser o único a sair bastante chamuscado.