1 - Ele
poderia ter ficado apenas contando o dinheiro ganho nos últimos anos, fruto das
suas conquistas e bons contratos; poderia ter treinado algum clube de ponta do
futebol brasileiro; poderia ter tentado a sorte em algum clube da China para
encher definitivamente o bolso; poderia ter virado comentarista de futebol em
algum canal pago na época da Copa do Mundo.
Só que não.
Ao sair do
Corinthians no final de 2013, TITE fez a opção pelo aperfeiçoamento
profissional, cumprindo estágio no Real Madrid. Claro, aguardava um convite da
CBF para dirigir a seleção, mas para sua sorte, ele não veio.
Voltou ao
Corinthians em 2015 e confirmou que é muito mais do que um daqueles treinadores
gaúchos retranqueiros, que primeiro tentam não tomar gols e jogam por uma bola
para vencer partidas. Já havia demonstrado o seu talento no glorioso ano de
2012, aquele dos troféus internacionais.
E retornou
"vitaminado", como aquele excelente violonista que só usava acordes
naturais e incrementou seu trabalho introduzindo acordes dissonantes.
Aos demais
treinadores brasileiros, a forma de jogar que Tite impôs ao Timão, que resultará no provável título antecipado, soa como um forte recado: "estudem,
estudem".
Pois a crise
do futebol nacional não deve ser creditada apenas à grande leva de dirigentes
medíocres e jogadores medianos, mas também a treinadores acomodados,
preguiçosos e antiéticos que treinam clubes na base do "piloto
automático".
2 - Em meio
ao marasmo, outra exceção é MURICY. No passado, ele afirmava que, nas horas
vagas, gostava de assistir partidas de futebol internacional. E também está
fazendo um estágio na Europa em busca do seu aperfeiçoamento. Deve apresentar
novidades no seu retorno aos campos.
3 - Um
treinador que chama a atenção é ARGEL, do Inter. Mais pelos defeitos do que
pelas virtudes no seu desempenho profissional. Foi um jogador mediano, que
batia até na sombra. Era daqueles em que até o santinho da medalhinha se
agachava quando ele estava por perto.
Pelo que vi
em algumas partidas, o elenco gaúcho assimilou bem a nova filosofia de
trabalho. O time costuma usar "força excessiva" nas jogadas. Na
partida de volta contra o Corinthians, Renato Augusto foi caçado em campo.
O treinador
também se mostrou capaz de fazer provocações gratuitas, ao afirmar que o
Palmeiras era mais completo do que o Corinthians, um jeito meio infantil para
justificar um empate em casa pela Copa do Brasil.
No jogo
contra a Ponte Preta, ele mostrou que o fairplay não é seu forte. Orientou seus
jogadores a não devolver a bola ao adversário, que havia paralisado o jogo para
atendimento ao seu jogador. Do arremesso lateral saiu a jogada do gol que deu a
vitória aos gaúchos.
Argel é outro
que deveria estudar mais. Não só estratégias de futebol, mas, principalmente,
ética no esporte.
4 - Nas Minas
Gerais, o destaque da semana foi a tragédia no campo de mineração na região de
Mariana. Vi na TV que o técnico do Cruzeiro, MANO MENEZES, fez um apelo aos
torcedores do clube para fazer doações às vítimas do deslizamento da barragem.
Da parte de
LEVIR CULPI, treinador atleticano, não soube de nenhuma manifestação nesse
sentido. Lembro que ele deu declarações criticando o mar de lama no futebol e
no País do futebol. Segundo o treinador, está tudo manchado. Será que ele se
calou quando um mar de lama de verdade destruiu vidas e um bairro inteiro? Não
acredito que ele vá manchar a sua carreira com esta omissão.
5 - A torcida
corinthiana sabe que Cássio, Gil, Elias e Renato Augusto têm todas as
qualidades necessárias para vestir a camisa da seleção. No entanto, acredito
que a convocação do quarteto não tenha levado em conta apenas o talento de cada
jogador. Com a seleção em baixa, sem credibilidade junto aos brasileiros,
convocar quatro jogadores do time mais popular do País é uma tentativa de
quebrar resistências e angariar apoio para "a causa".
Se é esse o
objetivo, DUNGA comete um erro. Tem que colocá-los no time titular. E não é só
isso: para ter bom rendimento, é preciso que eles joguem dentro das suas
características atuais, que ajudaram o Timão a se tornar o campeão do Brasil.
Só que Dunga
tem um perfil semelhante à maioria dos treinadores brasileiros (acomodados,
preguiçosos, não estudam etc etc). ele também faz uso do seu piloto automático,
um pouco mais carrancudo que a média. Sua antipatia também é automática.
Antes que
alguém pense que, no quadro atual, a solução é a convocação de Tite, eu me
antecipo. Como afirmei antes, Muricy também foi buscar aperfeiçoamento. Está
sem clube, no momento. Deseja voltar. E também é carrancudo! Enfim, ele pode
ser o cara certo para a seleção.
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