segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Sadam Kadhafi ou Muamar Hussein?

Kadhafi está bem longe de ingressar no seleto clube de líderes revolucionários que lutaram por um mundo melhor. Nem o seu desempenho à frente da Líbia - país que apresenta altos índices de desenvolvimento humano, nem a luta contra o imperialismo norte-americano ou a habilidade em lidar com as grandes potências tendo os investimentos petrolíferos como armas, que lhe valeram tantos anos no poder, habilitam-no a por as mãos na calçada da fama das grandes personalidades à esquerda do capitalismo mundial.
E, talvez, tenha chegado a sua hora mesmo. Foi mais um líder que transformou o Estado em extensão da sua própria casa e apenas concedeu ao povo o direito de habitar em seu quintal. Regimes políticos carregam o germe da sua própria transformação, segundo Marx. Melhor ainda se a mutação for resultado das ações dos donos dos próprios narizes - os líbios, obviamente. Mas não funcionará em sua plenitude se for para servir a interesses geopolíticos dos imperialistas do momento.
Pela rapidez dos movimentos oposicionistas, pela queda de cidade importantes em questão de horas, fica a evidência de que a desestabilização do seu governo tenha o dedo do tio Sam, insatisfeito por perder aliados estratégicos como Mubarak, ex-ditador do Egito. Quem joga "War" vai entender um pouquinho disso tudo.
Por ser a Líbia um país fechado, o que for mostrado ao mundo terá o valor de verdade absoluta. A fórmula é gasta, mas funciona. E os americanos conhecem os truques como ninguém. Imagens de manifestações no Bahrein foram divulgadas como se tivessem acontecido na Líbia. Quem não lembra das imagens de palestinos felizes, comemorando nas ruas, divulgadas pelo mundo logo após o atentado de 11 de setembro nas torres gêmeas? Pois é. Imagens falsas, com efeito imediato, dentro e fora do País "em crise".
O contra-ataque de Kadhafi foi mostrar Tripoli como uma cidade tranquila aos jornalistas internacionais e colocar o filho como relações públicas do regime, sempre deixando a porta aberta para uma negociação.
Só não podemos esquecer que as eleições americanas se aproximam. Obama terá dificuldades para se reeleger, afinal, fez um governo pífio. Até o momento, ele não foi "o cara". Mas nada melhor do que vestir a roupa de super-herói em defesa da liberdade no planeta, para passar a ter chances na disputa. 
Neste momento, os EUA anunciam a reposição de forças ao redor da Líbia. Kadhafi vai se transformando rapidamente em outro Sadam Hussein. A ONU já aplicou sanções, que não têm efeito prático nenhum, a não ser criar o clima propício para transformar "Sadam" Kadhafi em inimigo número um do mundo civilizado.
Para a Líbia não virar o Iraque da vez, só há uma saída: convocar eleições livres, supervisionadas por organismos internacionais. É o antídoto para o veneno americano, é a possibilidade de completar a transformação, para o bem ou para o mal, mas feita pelos líbios, em favor deles mesmos. Caso contrário, Kadhafi vai se encastelar em seu palácio, que será bombardeado; ele terá de fugir, talvez se esconder num buraco, até ser "dedurado" por algum camponês. Julgado, poderá ter a corda em seu pescoço...hum já vi este filme antes. E o momento atual do cinema está para as refilmagens.

Nenhum comentário:

Postar um comentário