Reconheço
que a trama dos aloprados golpistas tem um grande mérito: revelar a ética de
gelatina de uma parte dos brasileiros. Se for do meu time, roubar pode. Se for
para derrubar quem eu não gosto, tem o meu apoio.
Na
verdade, o buraco é mais embaixo. Muitos dos políticos que estão aí emergiram
de um caldo de cultura que não exige muito rigor na rotina dos seus próprios
negócios, nas suas relações sociais e no respeito à legislação vigente. Daí a
tentar obter vantagens no trato da coisa pública é um pulo. É claro, aqui e
ali, o DNA da nossa esquisita colonização ainda se faz presente. As elites
ainda teimam em continuar dando as cartas, usando as mãos dos que pensam que
foram aceitos por elas.
Um cidadão
atento e rigoroso com os valores éticos percebe facilmente que os marujos que
estão na barca do impeachment são políticos de má índole, com longa experiência
em fugir das punições. Não passam de ratos querendo tomar conta da embarcação
mesmo que estejam com a ratoeira no pescoço. E, de quebra, também pretendem
botar pra caminhar na prancha o candidato mais forte na próxima eleição. Fácil,
não? Como já disse Mané Garrincha, sempre se esquecem de combinar a jogada com
os adversários...
Preciso
dizer quem são os ratagões? Ou a quais partidos pertencem? Acho que não, né?
Assumir
uma postura mais nobre em relação a tudo o que está acontecendo às claras no
golpe paraguaio (sim, é paraguaio...ou prefere hondurenho?) não significa
aderir a Dilma, que está apenas de passagem por um cargo importantíssimo, mas
que ocupará cadeira cativa na História do Brasil.
O
significado maior do gesto cidadão é lutar por um País sério, com instituições
fortes, cujos princípios morais serão os guardiões da nossa democracia,
impedindo ataques dos maus perdedores.
E quando o
resultado das urnas não nos agradar, será legítimo ampliar a participação
política, manifestar-se pacificamente e tentar pressionar governos a mudar os
rumos. Tudo menos golpear, dar apoio a golpes ou aplaudir golpistas. É esta a
necessária herança que devemos deixar para as futuras gerações.
É assim
que deve ser. É assim que vai ser.
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