domingo, 19 de dezembro de 2010

Taiguara, vê como o fogo brando funde o ferro duro



"Taiguara, você é um compositor romântico, meu filho. Por que está se metendo com essas coisas? A juventude gosta tanto de você..." Para dona Marina, censora da ditadura militar, era inconcebível que o rapaz, autor de sucessos que falavam do amor, se metesse com a realidade do próprio País.
Nos anos de chumbo, a trajetória de Taiguara passou tanto pela música romântica (Helena, Helena) quanto pela chamada "música de contestação" - "Que as Crianças Cantem Livres" é um exemplo. O resultado desta opção política foi aquele mesmo, aplicado a tantos outros artistas, mais ou menos famosos: a censura e o exílio.
Mas, ao contrário da maioria, Taiguara aprofundou-se nas questões do socialismo. Admirador de Luís Carlos Prestes (compôs O cavaleiro da Esperança), percorreu a África e viveu muito tempo em Cuba. Um dos seus últimos CDs foi gravado lá, com músicos cubanos.
Na volta do exílio, fez muitos shows pelo Brasil. Porém, a mídia já havia fechado as portas para a sua carreira. Faleceu em solo cubano, em 1996, aos 59 anos, vitimado pelo câncer. Até o fim da vida acreditou numa sociedade igualitária. No video que apresento aqui (Especial Taiguara, TV Bandeirantes, 1996), Taiguara nos dá uma pista do caminho a ser percorrido: vê como o fogo brando funde o ferro duro...
Há 8 anos, o fogo brando começou a derreter o ferro duro. Esperamos que, nos próximos quatro anos, a chama permaneça acesa, intensa. Para que, no futuro, a sociedade brasileira seja moldada de acordo com a vontade da maioria.
'Que as Crianças Cantem Livres" poderia ser a trilha sonora para a posse de Dilma. Fica aqui como sugestão.

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