sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

CONTAGEM REGRESSIVA: QUATRO...









1989, o ano que não acabou

Na cabeça da maioria dos militantes veteranos, a derrota de Lula para Collor em 1989 não foi deglutida até hoje. É mais ou menos como no futebol: seu time é melhor, está jogando o fino da bola, prestes a se tornar campeão, mas, aos 45 do segundo tempo, leva um gol impedido e o adversário fica com o título.
O gosto amargo na boca permanece até hoje. Tínhamos certeza da vitória. Comícios gigantes. Garra dos militantes. Apoios de políticos de peso, como Brizola, Arraes e Covas. Participação massiva dos principais artistas nacionais. Apelo popular. E um adversário com um passado ligado à ditadura, aos usineiros, à escória da política brasileira, com um discurso populista ao extremo.
Mas Collor tinha o apoio da rede Globo. Da direita organizada. Dos empresários. Da imprensa golpista. E fez uma campanha baseada no ódio, na ameaça vermelha e na especulação da vida particular de Lula, como mostra o depoimento da ex-namorada, que o expôs na TV como um quase delinquente.
A grande pergunta que fica, que resiste ao tempo, é: e se Lula tivesse ganho aquela eleição? Sob certos aspectos, é difícil responder, pois a conjuntura política hoje é outra. Mas de uma coisa eu tenho quase certeza: o Brasil não mergulharia tão facilmente no neoliberalismo. Muitas estatais seriam preservadas, muitos empregos estariam garantidos. Sairíamos da posição de subserviência às grandes potências mundiais com maior rapidez.
Nesses 21 anos que nos separam de 1989, Lula disputou outras eleições presidenciais, perdeu mais duas, ganhou outras duas, está se despedindo de Brasília com aprovação máxima, com um desempenho semelhante ao que esperávamos já naquela época.
Só que 1989 não acabou. Permanece entalado na garganta, pois provocou graves reflexos na sociedade brasileira nos anos que se seguiram.
Veja nos videos acima momentos históricos daquele embate. Lula ao lado da filha, respondendo à baixaria de Collor sobre o seu envolvimento com a ex-namorada. Duas esquetes com a turma da TV Pirata, programa de grande sucesso na época. E preste atenção no encerramento da campanha no Rio de Janeiro. Covas discursa com vigor, levando a tucanada a apoiar o candidato da Frente Popular. E Brizola vibra muito a cada palavra de Lula. Vibra como se tivesse dado um grande passe para o gol. Pena que bateu na trave.

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