quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

CONTAGEM REGRESSIVA: CINCO...



Originalmente, os textos acima foram publicados em páginas duplas no livro citado. As imagens acima foram remontadas para efeito de diagramação do blog. O conteúdo permaneceu inalterado.

 O amigo Henfil

A luta pela redemocratização do Brasil passou pelo cartunista Henfil. O seu humor cáustico, muitas vezes iconoclasta, irreverente, teve a função para expor as mazelas do Brasil durante a ditadura. Graúna, Bode Orelana e Zeferino apontaram as diferenças cruciais entre o Sul Maravilha e as agruras do Nordeste. Os fradinhos fizeram a crítica dos usos e costumes de boa parte dos brasileiros, principalmente dos valores adotados pela classe média na época. Que prato cheio, eles teriam hoje, não é mesmo?
Naturalmente, Henfil foi um grande apoiador da novidade política dos anos 80: o PT. E, ali, naquele campo progressista que começava a renascer, construiu com Lula uma grande amizade. Os textos acima foram extraídos do livro "Diretas Já", publicado em 1984, quando o movimento pelas eleições diretas para presidente era forte. Eles resumem bem como foi a campanha a governador do PT em 1982 em São Paulo, a primeira candidatura de Lula em sua trajetória política.
Lula ficou em quarto lugar. A bancada do PT na Câmara Federal foi pequena. Mas é preciso fazer a ressalva de que o partido tinha poucos recursos, o voto era vinculado (só era permitido votar em candidatos do mesmo partido), a propaganda era baseada na Lei Falcão (só apareciam fotos e currículos dos candidatos) e o PMDB surgiu como uma verdadeira máquina de angariar votos, até por ter sido a única oposição tolerada pela ditadura antes da adoção do pluripartidarismo planejado por Golbery do Couto e Silva.
Henfil faleceu em 1988, vítima de de Aids. Assim como seus irmãos: o sociólogo Betinho, aquele da música "O Bêbado e o Equilibrista", e o músico Chico Mário. Hemofílicos, foram contaminados numa época em que ainda não havia controle algum sobre o sangue utilizado nas transfusões. Além dos primorosos e sempre atuais cartuns, sua vasta obra inclui livros, revistas, um filme, chamado "Deu no New York Times", e as famosas Cartas à Mãe, publicadas na revista Isto É, em vários jornais e na revista Fradim. Também chegou a ter um programa na TV Globo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário