Quem avisa amigo é, meu caro prefeito. A redução da velocidade nas marginais foi uma tremenda canelada. Justo você, que, ao longo da sua administração, fez cada golaço que vou te contar. Um mais bonito do que o outro. A virada cultural me lembrou o doutor Sócrates. Gol de calcanhar. O mais recente foi um tento de...bicicleta! Uma pintura!
Porém,
enquanto esperávamos o terceiro gol seguido, que lhe daria a chance de pedir
música no Fantástico, você começou a fazer embaixadinhas em frente à grande
área; tentou dar chapéu no adversário; ensaiou umas pedaladas e, na hora do
rolinho, atrapalhou-se todo e perdeu o controle da pelota.
Neste
exato momento, a bola corre em direção ao seu próprio gol. A torcida contrária,
puxada por martas e andreas (e agora datenas!), está em pé na arquibancada,
aguardando o momento de diminuir a diferença e partir para a virada. Ainda dá
tempo de mandar a gorduchinha para o mato, pois o jogo é de campeonato.
Enquanto
isso, eu pergunto: por que arrumar sarna pra se coçar? Cutucar a onça com vara
curta? Dar um tiro no próprio pé? Mexer em vespeiro? Haddad está fazendo um bom
governo, atuando positivamente em várias áreas. Destaco saúde, cultura,
transporte coletivo e ciclovias.
Mas a
estranha obsessão por controlar as vias públicas e a tremenda má vontade com os
automóveis estão encobrindo os seus feitos. Pode virar a "marca
registrada" de sua administração, com direito a apelidos jocosos e
anedotas rancorosas. E tem aquele ditado: cria a fama, deita na cama.
Sabemos
que "tatto" tem de sobra no PT paulista. Mas neste episódio, faltou
bom senso. Atualmente, há uma forte sensação de que a Secretaria de Transportes
e a CET são os carros chefes da prefeitura paulistana, andando bem acima da
velocidade. Há um protagonismo exagerado. Com um tipo de ação que tem pouco a
ver com o cunho social das administrações petistas.
Faltam aí
programas Mais Mutirões para a habitação nas periferias; ou Mais Esportes nos
parques municipais; ou Mais Assistentes Sociais entre os moradores de rua. Só
não pode ser Mais Multas (há alguns anos, uma prefeita insistiu no Mais Taxas e
perdeu a reeleição!)
Finalizo
na esperança de que o prefeito não faça ouvidos de mercador e reveja os seus
conceitos. Que ele esqueça aquela máxima de que "palavra de rei não volta
atrás". Ou - nem cá, nem lá - limite as velocidades em 80 e 60 km/h nas
pistas expressa e local, respectivamente. Fica ruim, mas fica bom. Haddad, não
deixe para amanhã o que se pode fazer hoje.
Mesmo que
a redução seja menor, será bem difícil fugir da trágica comparação com outro
tema polêmico, que anda na boca do povo. Afinal, reduzir a velocidade máxima
para evitar acidentes tem, a princípio, a mesma lógica que reduzir a maioridade
penal para eliminar a criminalidade. Em ambos os casos, o buraco é mais
embaixo. E que ele não me leve a mal. No aperto e no perigo se conhece o amigo.
OBS: A OAB/SP está questionando a medida na
justiça. Boa iniciativa, mas também deveria acionar o governo do Estado em
relação à Rodovia dos Tamoios. Duplicada no final de 2013, a velocidade máxima
oscila entre 60 e 80 km/h, com média de velocidade muito inferior aos tempos de
pista simples. A estrada ficou mais larga, mas não foram feitas passarelas. Em
vários trechos do asfalto aparece a mensagem: "travessia de
pedestres". Os radares vêm logo depois.
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