quarta-feira, 22 de julho de 2015

O prefeito e alguns ditos populares


Quem avisa amigo é, meu caro prefeito. A redução da velocidade nas marginais foi uma tremenda canelada. Justo você, que, ao longo da sua administração, fez cada golaço que vou te contar. Um mais bonito do que o outro. A virada cultural me lembrou o doutor Sócrates. Gol de calcanhar. O mais recente foi um tento de...bicicleta! Uma pintura!

Porém, enquanto esperávamos o terceiro gol seguido, que lhe daria a chance de pedir música no Fantástico, você começou a fazer embaixadinhas em frente à grande área; tentou dar chapéu no adversário; ensaiou umas pedaladas e, na hora do rolinho, atrapalhou-se todo e perdeu o controle da pelota.

Neste exato momento, a bola corre em direção ao seu próprio gol. A torcida contrária, puxada por martas e andreas (e agora datenas!), está em pé na arquibancada, aguardando o momento de diminuir a diferença e partir para a virada. Ainda dá tempo de mandar a gorduchinha para o mato, pois o jogo é de campeonato.

Enquanto isso, eu pergunto: por que arrumar sarna pra se coçar? Cutucar a onça com vara curta? Dar um tiro no próprio pé? Mexer em vespeiro? Haddad está fazendo um bom governo, atuando positivamente em várias áreas. Destaco saúde, cultura, transporte coletivo e ciclovias.

Mas a estranha obsessão por controlar as vias públicas e a tremenda má vontade com os automóveis estão encobrindo os seus feitos. Pode virar a "marca registrada" de sua administração, com direito a apelidos jocosos e anedotas rancorosas. E tem aquele ditado: cria a fama, deita na cama.

Sabemos que "tatto" tem de sobra no PT paulista. Mas neste episódio, faltou bom senso. Atualmente, há uma forte sensação de que a Secretaria de Transportes e a CET são os carros chefes da prefeitura paulistana, andando bem acima da velocidade. Há um protagonismo exagerado. Com um tipo de ação que tem pouco a ver com o cunho social das administrações petistas.

Faltam aí programas Mais Mutirões para a habitação nas periferias; ou Mais Esportes nos parques municipais; ou Mais Assistentes Sociais entre os moradores de rua. Só não pode ser Mais Multas (há alguns anos, uma prefeita insistiu no Mais Taxas e perdeu a reeleição!)

Finalizo na esperança de que o prefeito não faça ouvidos de mercador e reveja os seus conceitos. Que ele esqueça aquela máxima de que "palavra de rei não volta atrás". Ou - nem cá, nem lá - limite as velocidades em 80 e 60 km/h nas pistas expressa e local, respectivamente. Fica ruim, mas fica bom. Haddad, não deixe para amanhã o que se pode fazer hoje.

Mesmo que a redução seja menor, será bem difícil fugir da trágica comparação com outro tema polêmico, que anda na boca do povo. Afinal, reduzir a velocidade máxima para evitar acidentes tem, a princípio, a mesma lógica que reduzir a maioridade penal para eliminar a criminalidade. Em ambos os casos, o buraco é mais embaixo. E que ele não me leve a mal. No aperto e no perigo se conhece o amigo.

 OBS: A OAB/SP está questionando a medida na justiça. Boa iniciativa, mas também deveria acionar o governo do Estado em relação à Rodovia dos Tamoios. Duplicada no final de 2013, a velocidade máxima oscila entre 60 e 80 km/h, com média de velocidade muito inferior aos tempos de pista simples. A estrada ficou mais larga, mas não foram feitas passarelas. Em vários trechos do asfalto aparece a mensagem: "travessia de pedestres". Os radares vêm logo depois.


Este é um trecho da Marginal do Tietê. Uma autêntica via expressa, sem semáforos e com 22 pistas, nos dois sentidos. Poucas rodovias brasileiras oferecem tais condições. Atropelamentos não deveriam existir, pois a margem do rio não oferece nenhum tipo de atrativo aos pedestres. Reduzir a velocidade numa via como esta, que foi construída para ser rápida, é um lançamento de míssil no próprio pé.


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