sexta-feira, 12 de junho de 2015

Jornalismo kamikaze

Manipulação tosca no título de uma matéria do Estadão, publicada hoje, referente à idade dos infratores em delitos no estado de SP. A frase omite que os atos infracionais analisados pelo Ministério Público são aqueles cometidos apenas entre adolescentes, como mostra o corpo da matéria em seu primeiro parágrafo. Algo, aliás, muito óbvio. Seria espantoso se bebês com cinco ou seis meses liderassem as infrações entre os menores.

E, pior, o leitor é tratado como um imbecil, na esperança de que ele não vá além do título e adira à redução da maioridade, causa que o jornal defende. Apelações desse tipo são sintomas de que o jornal respira por aparelhos. Está perto do fim da linha.

Isso me lembra muito o desespero dos japoneses na segunda guerra mundial, retratado no filme O Império do sol, de Spielberg. Na última fase da guerra, crianças e adolescentes passaram a atuar como kamikazes, na inútil tentativa de reverter um quadro praticamente consolidado.

Também me vem à cabeça A Queda, de Oliver Hirschbiegel, que retrata as últimas horas de Hitler em seu bunker, junto aos assessores mais próximos.

Aliás, este filme é a base para divertidos vídeos nos quais a tradução dos diálogos abordam situações da política brasileira. Seria interessante editar um desses como se fosse uma redação da velha mídia, perto do fim.

Manipulação tosca. O jornal quer que você leia apenas o título da matéria

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