quarta-feira, 24 de novembro de 2010

A mídia alternativa sobe a rampa

Quarta-feira, dia 24 de novembro de 2010, será um dia histórico para a mídia alternativa, que fincou uma "cabeça de ponte" na internet e participou ativamente da eleição para Presidente da República. Nesta data, às 9 horas, o presidente Lula recebe blogueiros para uma entrevista coletiva, com transmissão ao vivo pelo Blog do Planalto, com participação dos internautas.
As eleições deste ano foram marcadas, por um lado, pela manipulação acintosa da grande mídia brasileira em favor do candidato da oposição. Foi algo jamais visto em períodos eleitorais, mesmo considerando todos os pleitos anteriores, incluindo o de 1989. Do outro lado, na trincheira virtual formada na internet, vários blogueiros e tuiteiros tiveram participação ativa na missão de levar informações verdadeiras ao grande público, responder a atos preconceituosos, derrubar factóides e limpar a sujeira deixada por uma campanha alimentada pelo ódio.
 Eu creio que a vitória de Dilma Roussef no segundo turno se deveu em boa parte à atuação desta mídia alternativa, que esteve ao seu lado em todas as horas. O debate eleitoral na internet trouxe de volta os militantes que tinham deixado as ruas há algum tempo, substituídos pelos cabos eleitorais pagos. Provaram mais uma vez que campanha de qualidade se faz com intensa politização dos agentes envolvidos. E que sirva de lição principalmente a certos setores do PT, que 'optaram" por terceirizar certos serviços.
Em relação ao jornalismo praticado no Brasil, a eleição provou que ele vive por aparelhos. Vimos profissionais de renome envolvidos até o pescoço com o presidenciável tucano. Manipulações rasteiras. Propagandas subliminares. E completo distanciamento de grande parte do eleitorado brasileiro, a julgar pelos resultados finais. Como reação natural à ofensiva da grande imprensa, outra parte do jornalismo também escolheu seus candidatos. Vestiu a camisa de Dilma. Montou seus dossiês. E soube trabalhar bem o outro lado da informação.
Entendo que, nessa contenda, a profissão saiu chamuscada. Enquanto o jornalismo no Brasil continuar a ser tratado apenas como extensão de um grande negócio, sempre haverá perda de credibilidade. Enquanto for dirigida apenas por herdeiros, de pais para filhos, sempre haverá reações à sua regulação. Enquanto não houver maior controle do jornalista sobre o resultado do seu trabalho, a profissão estará cada vez mais deteriorada.
Convém voltarmos à coletiva de Lula aos blogueiros. Há meios de se tentar equilibrar os pesos da balança. De se contrapor ao poder dos jornalões. Muitas decisões passam pelo Governo Federal. Propostas de regulação. Defesa do diploma e da melhoria das diretrizes curriculares para o Jornalismo. Rejeição ao AI5 Digital. E, principalmente, estímulo ao crescimento das mídias alternativas com incentivos fiscais. A inclusão do jornalista no Supersimples seria um grande avanço.
Há na Câmara Federal o Projeto de Lei Complementar nº 591, de autoria do deputado Vignatti (PT/SC) que altera o Supersimples e contempla aquela inclusão, entre outras mudanças. Presidente Lula, apoie esse projeto. Dê-lhe o caráter de urgência. O que vimos nestas eleições, em termos de informação alternativa, não pode ser perdido. Com a aprovação do projeto, poderá ficar para sempre.

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