domingo, 9 de novembro de 2014

Não para, não para, não para...

Há cem anos, o time dos carroceiros, maloqueiros, operários explorados e gente que se virava na vida conquistava o seu primeiro título, após a vitória por 4 a 0 diante do time do Campos Elíseos.

Foi uma campanha gloriosa: dez jogos, dez vitórias. Neco, o primeiro grande ídolo, aquele que ameaçava bater de cinta em juiz que roubava, tornou-se o artilheiro da competição, com 12 gols.

Mais que uma simples taça, foi a consagração do pensamento igualitário de um grupo que, quatro anos antes, decidira meter o pé-rapado na porta da elite que dominava o futebol da época, ajudando a popularizar o chamado esporte bretão, dentro e fora do campo.

"Esse é o clube do povo e é o povo que fará esse time", disse o presidente do Corinthians Paulista, Alexandre Magnani, ao repórter do canal ESPN; numa das partidas, o time entrou em campo com uma inscrição na camiseta anunciando a "democracia corinthiana"; na jogo final, aconteceu o maior deslocamento humano em tempo de paz, que invadiu o Rio de Janeiro e lotou o Maracanã; outra massa humana tomou conta do aeroporto de Cumbica na despedida do time em viagem para o Japão; um carnaval fora de época tomou as ruas de São Paulo após 23 anos de jejum; outro carnaval fora de época tomou as ruas de Tóquio para comemorar o bi mundial; um visionário, em pleno campo da Ponte Grande, disse para quem quisesse ouvir: ainda teremos mármore em nosso estádio...

(E, ao fundo, diante de tantas imagens misturadas, das mais variadas épocas, a torcida cantava: não para, não para, não para...)


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