Ontem,
na Arena Corinthians, fui um dos poucos brasileiros a torcer para a
Argentina na fase das oitavas da Copa. Muitos dos meus compatriotas acordaram ao som dos relógios de
cuco, sentindo-se suíços. Tomaram o seu leitinho Nestlé e partiram para o estádio inspirados nos famosos canivetes, dada a animosidade em relação a "los hermanos".
Houve entreveros pontuais e, bem pertinho de mim, um torcedor
corinthiano partiu para as vias de fato depois que um argentino subiu no
assento da cadeira para comemorar.
Um dos principais cânticos
era "mil, gols, mil gols, mil gols de Pelé...Maradona cheirador", o que
prova que o brasileiro é, antes de tudo, ruim de rima.
Foi bem
estranho ver um grupo de corinthianos defender Pelé, nosso grande
carrasco nos anos 60. Ainda mais que Maradona foi fã incondicional do
grande Rivellino, o reizinho do Parque. E tivemos Tevez como ídolo...
Mas, para certos brasileiros, a Suíça está acima de tudo, obviamente. E
a Argentina é o inimigo a combater, o país que mais ameaça a nossa
soberania, com suas carnes macias, bem acima do padrão friboi, e o seu
malbec com aroma de frutas vermelhas intensas e maduras como ameixa seca
e notas florais de violetas...
Eles não estão sozinhos nesta
parada. Na verdade, seguem galvões buenos e miltons neves, grande
incentivadores de uma rivalidade exagerada, ao lado de outras
celebridades midiáticas.
Fico agora imaginando uma final de Copa entre Brasil e Argentina, cuja taça
poderá ser entregue por Dilma e Blatter. Tudo o que o coxinha deseja na
vida para vaiar e soltar palavrões à vontade. Nem Gisele Bundchen
escaparia ilesa. E o espetáculo seria um prato cheio para Danilo Gentili
enfiar outra bandeira no fiofó, como fez semanas atrás.
Minha
esperança é que, no encerramento, a guitarra de Carlos Santana acalme os
ânimos e promova a paz. Afinal, o guitarrista mexicano ainda é
unanimidade...ou também não é mais?

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