Está na hora? Está na hora.
Liguem os holofotes! Plec...plec...plec...plec...e...plec! Estão acesos!
Funcionou, para desespero do UOL e da Folha, risos. Agora desliguem e
liguem de novo, só para tirar uma ondinha com a imprensa tupinico, digo, tupiniquim, hehe.
Vamos à passagem do som:
_ AAAALÔ...SOM...TEEESTANDO...SOM! Pessoal de Higienópolis, está nos
ouvindo? E o povo dos Jardins? Da Vila Olímpia? Do Shopping JK? Se o
áudio estiver perfeito, balancem seus cartões de crédito. Ou os
passaportes. Sacolinhas da Paco Rabanne também ajudam. Estamos
acompanhando os movimentos no telão. Mais rápido, minha gente. Vençam o
delay, vocês conseguem. Ajam naturalmente, como se estivessem chegando
em Miami. Ok. Deu tudo certo. No problems.
E agora, esquentando os tamborins...plect...peplect..plect...
O surdo, na marcação..dum...dum...dum...
Entra o pandeiro...trikiti...trikiti...trikiti...
Muito bom. Chegou a hora dessa gente diferenciada mostrar seu valor...ôô...ôô...
Tudo pronto?
Quase. Só esperando secar um trecho do asfalto ali, na entrada. Vai
rápido que o pessoal da imprensa está se aproximando...o Jabor...o
Waack...o Merval...podem sujar o calçado de pelica. A secagem leva o
tempo de contar uma piada. Mas não se afobe não, que nada é pra
já...Bem, vou distraí-los:
- Sabe por que o cal é virgem?
- Porque o cimento é fresco...
Ih, acho que eles não entenderam. Também, nunca botaram a mão na massa,
hehe. Mal nos cumprimentaram e foram ligeirinhos para os seus
camarotes. Pareciam assustados. Agora sim, está tudo pronto para a
abertura. Mas sem muita pompa, né? Quem é da Zona Leste dispensa
cerimônias. Se chegar em casa, sempre tem café quentinho na garrafa
térmica. Se ficar mais tempo, sempre aparece um bolinho de chuva. Se
veio para dormir, a gente pede uma pizza para viagem, um refri de dois
litros e paga tudo com o vale alimentação.
Portanto, sem essa
de cortar fita ou quebrar garrafa de champanhe numa das traves. Trocar
flâmulas pode, mas só depois do show. A Jennifer Lopes avisou que está a
caminho. Vai chegar em cima da hora, pois houve pane no Metrô. Ela teve
até que trocar de roupa na cabine do operador. Xiii, a Claudia Leitte
já chegou. Agora não dá mais para substituí-la pela Negra Li, que,
afinal, é uma das donas da casa. Pena.
Vamos começar?
A Merckel está bem impaciente. Até mostrou a língua para a Dilma. O
Putin já avisou que não pode perder tempo, pois tem uma Copa para
organizar daqui a 4 anos. Não vai ficar para o coquetel, mas foi
flagrado enfiando algumas coxinhas no bolso.
Antes da bola
rolar, é de bom tom dizer algumas palavras. Para o mundo, é claro. Em
tupi-guarani...brincadeirinha. O que vocês insistem em chamar de Arena,
para nós é "estádio", palavra que traz grandes recordações da era mais
romântica do futebol. De quando juntávamos o troco do pão para comprar
ingressos. Da época do cimento gelado das gerais. Dos alambrados. Da
bola de capotão.
Se quiserem manter o nome de "Arena", tudo
bem. Mas escrevam corretamente o nome do estádio (risos). "Corinthians" é
sempre com o agá no meio. Corinthiano também. Não aceitamos apelidos
para a casa nova, principalmente aqueles no aumentativo.
"Itaquera"
nunca teve o trema. E nunca tremeu. Na linguagem dos índios, quer dizer
"pedra dura". Mesmo que role, continuará sendo dura na queda. Não meu,
senhor, não dá para traduzir como Rolling Stone. Escreva assim, sem o
trema.
Registre também que esta Copa no Brasil trouxe um
importante legado. Basta olhar ao redor. Túnel, viaduto e passarelas.
Uma faculdade estadual ao lado. Um movimentado shopping à frente, que
será ampliado. A dez minutos de automóvel, um pronto-socorro recém
inaugurado. Olhe com mais atenção! Ainda não descobriu o verdadeiro
legado. Está bem ali, visível, na cara das pessoas.
Dos
Itaquerenses. Dos sãomiguelenses. Dos ermelinenses. Do penhenses. Dos
cangaibanos. Dos moradores da Cohab. Veja que há orgulho estampado no
rosto de quem passou a ser tratado como cidadão de verdade. Essa gente
finalmente abocanhou uma boa fatia dos impostos que o Estado arrecada,
geralmente destinados às causas dos bairros mais nobres. E graças à
Copa. Graças a quem trouxe a Copa para cá.
Pois
hoje, como Itaquera se transformou no centro do mundo, os outros
lugares vivem o seu dia de periferia. Quem sabe assim seus moradores
sintam na pele o que é viver numa espécie de subsolo. Ou entendam que
nesta cidade todos têm direito a uma vida digna. Opa...quem sabe teremos
aí mais um legado...
Priiiiii...e começa a Copa das Copas...
Nenhum comentário:
Postar um comentário