quinta-feira, 9 de junho de 2011

A insustentável leveza do discurso político

A preservação do meio ambiente e a sustentabilidade são temas cada vez mais presentes no dia-a-dia do cidadão brasileiro. Caso não sejam adotadas ações que visem descontaminar o planeta e que preguem a conscientização, projeta-se um futuro crítico, com poucas perspectivas de uma vida saudável.
Mas, até que ponto as atitudes dos nossos governantes são para valer, para mudar realmente este estado de coisas? Muitas vezes suas ações não passam de puro marketing, com o único objetivo de estar alinhado com o assunto do momento e ganhar pontos com isso.
Por isso, é preciso tomar muito cuidado com o discurso ambiental. Pode ser sincero, é claro! E também pode ser apenas um "factóide", ou seja, uma estratégia política de criar pequenos fatos positivos que repercutem na mídia, sem profundidade suficiente para atingir a população como um todo.
A questão ambiental tem rendido alguns dividendos políticos ao atual mandatário da Prefeitura Municipal de São Paulo. Da lei da cidade limpa à proibição de sacolinhas plásticas em 2012, o prefeito tem anunciado muitas ações nesta área. Algumas incompletas, como a instalação de cem parques na cidade, meta difícil de ser alcançada e que tem se notabilizado por alguns improvisos, como se vê na reportagem (clique aqui); outras, exageradas, como o plantio de árvores em vários quilômetros de calçadas que, sem a devida manutenção, transformam canteiros em depósitos de entulho; e há aquelas que mexem diretamente no bolso do cidadão. A inspeção veicular, cuja taxa (R$ 61,98) é maior do que o próprio licenciamento do veículo (R$ 59,33), apresenta resultados questionáveis no que tange à melhoria do ar.
Não foi à toa que, recentemente, Kassab anunciou o secretário do Verde e Meio Ambiente, Eduardo Jorge, como o nome preferido para sucedê-lo, tal é a quantidade de projetos em torno do meio ambiente.
Entre os dias 4 e 5 de junho de 2011, a Prefeitura realizou a Virada Sustentável, com o objetivo de estimular a conscientização no trato do lixo urbano. E novamente, o evento, circunscrito a uma pequena região (nobre) da cidade, foi destaque na mídia.
Entretanto, o discurso sustentável da Prefeitura está longe de chegar à periferia, que sofre com o descaso ambiental no tocante à coleta de lixo urbano. Na Vila Silvia, por exemplo, bairro da zona leste, próximo ao Cangaíba, a empresa responsável por este serviço adotou a prática de destacar um funcionário para recolher o lixo das casas, empilhá-lo em alguns pontos das ruas, geralmente nas portas das residências, e só depois passar para recolhê-lo.
Até chegar o caminhão, os cães soltos fazem a sua festa particular, com muita fartura. O procedimento é corriqueiro em outros bairros adjacentes, apesar das reclamações. Há casos em que moradores foram impedidos de sair com seus veículos da garagem, tal o acúmulo de lixo. Há 3 anos, o empilhamento de lixo na praça Natal Antonio da Cunha, num sábado, causou constrangimento no subprefeito da época, que fora à localidade para reunir-se com a associação de moradores para discutir outros assuntos.
Já foram registradas reclamações de moradores no 156, na Secretaria Municipal de Serviços e na Loga, empresa responsável pela coleta domicilar no bairro. Mas nada foi feito até o momento. Nesta região, a sustentabilidade ficou apenas na propaganda.
Portanto, recomendamos muita cautela quando você, leitor, ouvir o discurso ambiental dos governantes, sejam eles da esfera federal, estadual ou municipal. Assim como praticamos a coleta seletiva em favor do meio ambiente, devemos ter muita seletividade em tudo o que ouvimos por aí.
RECLAMAÇÕES NA PREFEITURA SP: 156
RECLAMAÇÕES VIA INTERNET: http://sac.prefeitura.sp.gov.br/
RECLAMAÇÕES NA LOGA: 0800-770-1111
RECLAMAÇÕES NA LOGA VIA INTERNET: http://www.loga.com.br/

Empilhamento de lixo nas ruas: o discurso sustentável não chegou à periferia

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