terça-feira, 20 de junho de 2017

Crônica do metrô interrompido

Não, não e não. O ato Pelas Diretas Já no Largo da Batata, realizado no dia 4 de junho, não contou com catracas liberadas do Metrô para aumentar o público, como aconteceu nos comícios pelo impeachment. Ao contrário: em vez de facilidades, mais dificuldades.

No caminho da linha amarela do Metrô havia um trecho interrompido, que obrigava o passageiro/manifestante a descer na estação Paulista, pegar um ônibus do sistema Paese, descer na estação Fradique Coutinho, entrar no metrô novamente e continuar até a estação Faria Lima.

Só fiquei sabendo da operação "pedras no caminho" já dentro do vagão que partiu da estação República, por meio de avisos sonoros e visuais. O anúncio do desconforto que viria a seguir foi demais para alguns passageiros situados ao meu redor, que se revoltaram com a situação (não, não e não - eles não se dirigiam para o Largo da Batata).

Os mais veementes protestos, em voz alta, seguiam sempre na linha do "eta paisinho de m...", o que provocou a minha pronta intervenção: "peralá, paisinho, não. Estadinho fica melhor". Afinal, o metrô é de total responsabilidade do Estado de SP, governado pelos tucanos há 23 anos, com Geraldo Alckmin à frente.

Foi o suficiente para que dois senhores, os mais indignados, despejassem o chavão típico de quem escolheu em 2014 um certo candidato que hoje encontra-se afastado das suas funções de senador e está às voltas com a justiça: "todos são ladrões, não é este ou aquele..."

Repliquei: "no caso do metrô, o responsável é Alckmin...ah, entendi: ele é o santo, não faz nada de errado, não se envolve em falcatrua e coisa e tal..."
- E o Haddad? Ele é também culpado...
- Errou, amigo! O metrô é total responsabilidade do estado. Não é disso que estamos falando?
- Mas esta linha é terceirizada...
- Ora, ela continua sob responsabilidade do estado, que fiscaliza a linha. O problema de vocês é que estão sempre protegendo o PSDB, fecham os olhos para a corrupção que praticam e só apontam suas baterias para o partido adversário...

Ainda ouvi alguns resmungos de um deles (tudo ladrão, PT, bandidos...) e respondi em voz alta: "ei, olha lá! Finalmente achei um eleitor do Aécio!

O sujeito nem olhou para trás a tempo de ver o meu sorriso de satisfação. Estava entalado na garganta, entende? Quem mandou desafiar os conselhos da mamãe e conversar com estranhos a caminho de um ato Fora Temer?

Lá pelas 20 horas, saí do evento e tive que fazer o caminho inverso: pegar o metrô na Faria Lima, descer na Fradique e encarar uma imensa fila de espera do ônibus Paese, que me levaria à estação Paulista.

Senti neste domingo um pouco do que os usuários da CPTM sofrem praticamente todos os dias, graças à quantidade absurda de interrupções nas linhas de trens. Com o agravante de que o emprego deles está sempre em risco, pois os ônibus lotam com facilidade e enfrentam congestionamentos, provocando atrasos geralmente não compreendidos pelos patrões.

Acabei descobrindo o motivo da interrupção da linha amarela entre as estações Paulista e Fradique Coutinho: execução das obras da futura estação Oscar Freire...rua chique, né? Bem que merece uma estação do Metrô. Facilitará as comprinhas...



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