terça-feira, 6 de setembro de 2016

Rir do quê?

No "Novo Mundo de Temer", já foi dada a largada rumo ao precipício (não para todos; apenas para a maioria). A cara da nova Previdência Social após a reforma, por exemplo, vai sendo desenhada a traços firmes e ligeiros: idade mínima de 65 anos e 35 anos de contribuição.

Façamos as contas básicas: quem começar a trabalhar aos 16 anos, terá 49 anos pela frente até se aposentar. Se tiver um emprego formal, fará 49 contribuições à previdência. Com um pouco de sorte, não haverá mais reformas no caminho; mas se tucanos e peemedebistas se perpetuarem no poder (Temer já planeja mais michelzinhos por aí), a idade mínima pode pular para 70, 75...

Neste novo mundo, também haverá a flexibilização da CLT. Em síntese, tudo o que é obrigatório hoje, terá que ser negociado com os sindicatos da categoria. Décimo terceiro, férias de 30 dias, gratificação de férias, jornada de trabalho e outros itens, com certeza, não serão mais para todos.

Se o sindicato for combativo, como o dos metalúrgicos de São Bernardo, as perdas serão menores; se o sindicato for assim, meio acomodado, como o dos comerciários de São Paulo, reze para manter o emprego, ao menos. E não se preocupe com possíveis aumentos da jornada de trabalho. Com um bom preparo físico, é possível aguentar 12 horas de trabalho por dia. Vai que o seu sindicato faça convênio com academias...

Sempre que dou uma navegada básica nas redes sociais, me deparo com muitos jovens tentando tirar uma onda dos que defendem a legalidade; dos que afirmam, com razão, que houve um golpe de estado. Bem que os primeiros merecem um sorrisinho irônico diante de tanta falta de consciência de classe, mas o caso é trágico.

Afinal, são assalariados procurando pensar como se fossem patrões, sem se darem conta de que serão as próximas vítimas. E outros vão mais longe: defendem Bolsonaro, truculento combatente de tudo o que cheira a inserção social, empoderamento e direitos e garantias individuais!

Como as redes sociais aceitam tudo, muitos deles reproduzem argumentos simplistas, como aquela frase que se tornou célebre no mundo dos que não assumem o que fizeram de errado no verão passado: "foram vocês que votaram em Temer". Sendo que eles é que vestiram suas camisetas amarelas e gritaram Fora Dilma. Se sai a Dilma quem entra no lugar?

De mais a mais, se até irmãos dão golpes em irmãos no mundo dos negócios, imagine um vice-presidente, refém de bandidos, citado na Lava Jato, líder de um partido que não prima muito pela ética e pela honestidade...
Traição é traição, meus caros. Muito agravada quando o que está em jogo é o destino do povo. Quando se rasga um plano de governo eleito por 54 milhões de votos e se aplica o plano dos perdedores. Em resumo: aqueles que foram derrotados pela titular da chapa cooptaram o suplente e seus partidários para chegar ao poder. Com a cumplicidade da galera vestida como pilha Rayovac...

Mas, voltando aos jovens. Independentemente do que pensam, tenho certeza de que terão muitas dificuldades pela frente. Lamento por todos. Dentro das minhas possibilidades, lutarei para mudar esta situação.

Aos que têm plena consciência de que sofrerão as consequências do golpe, recomendo manter sempre o senso crítico, buscar boas informações sobre a nossa realidade e lutar para transformá-la continuamente.

Aos que ainda não se deram conta de que mergulharão num abismo em breve, dirijo minhas palavras de consolo: fiquem bem, pois 49 anos passam com muita rapidez, num piscar de olhos. Equivale a apenas 12 trocas de presidente, rsrs.


E sei que tanto o governo traidor quanto a mídia golpista já estão se esforçando para mantê-los anestesiados diante das medidas impopulares. Há técnicas de marketing perfeitas para retirar direitos com a total concordância das vítimas, que inclusive irão para as redes defender as medidas, com aquele bom humor que lhes é peculiar.

Animem-se, portanto: a zoação nas redes estará ga-ran-ti-da para os alienadinhos de plantão! Do que rirão ao longo de 49 anos, não sei dizer.


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